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SAÚDE

Exame detecta envelhecimento das artérias

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Síndrome metabólica é o equivalente a uma tempestade perfeita que pode levar sua vida a pique: é quando a pessoa sofre de hipertensão, diabetes e sobrepeso, condições que interagem entre si com prognósticos desfavoráveis para o paciente. Normalmente, são exames independentes que fecham esse diagnóstico, mas há um capaz de apontar os indícios da conjugação desse trio: ele afere a velocidade da onda de pulso e indica o grau de envelhecimento, ou rigidez, das artérias.

O assunto parece difícil, mas tive a ajuda inestimável do médico José Geraldo Mill, professor de fisiologia da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo). Ele é um dos coordenadores do Projeto ELSA-Brasil, que tem o apoio do Ministério da Saúde e conta com a participação de seis universidades.

O ELSA (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto) teve início em 2008 e, durante 25 anos, vai acompanhar mais de 15 mil adultos, entre 35 e 74 anos, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Espírito Santo. Seu principal objetivo é determinar os fatores que contribuem para o surgimento das doenças crônicas na população brasileira. Como essas enfermidades estão relacionadas à idade, o ELSA também tem como meta estabelecer padrões de referência sobre o envelhecimento da nossa população.

Sem uma iniciativa como essa, continuaríamos a utilizar dados de outros países, que não correspondem à nossa realidade. “Os dados de hoje predizem as doenças no futuro”, explica o professor. “Através deles, podemos conhecer a história das doenças e identificar seus fatores predisponentes. Acompanhar esses indivíduos por 25 anos vai nos dar a oportunidade de enxergar toda a trajetória da vida adulta”, acrescenta.

O doutor Mill esclarece um conceito importante, que passa despercebido pela maioria das pessoas, sobre como o organismo envelhece: “embora a idade seja um fator inexorável, o envelhecimento não é uniforme em todo o corpo. Um bom exemplo é a pele, nosso maior órgão. Em algumas pessoas, ela envelhece mais rapidamente, enquanto outras parecem mais jovens. O mesmo acontece com os órgãos internos, que envelhecem em diferentes cursos temporais, relacionados a fatores genéticos e ao estilo de vida”. É aí que entra o envelhecimento das artérias e suas consequências, parte do amplo escopo de mapeamentos do ELSA.

Os pesquisadores avaliam a rigidez das artérias, que vão perdendo sua elasticidade com o passar do tempo. “As grandes artérias são muito ricas em fibras elásticas, que vão sendo substituídas por fibras colágenas conforme envelhecemos. Realizamos um exame não invasivo no qual medimos a distância entre dois pontos, um na região do pescoço e outro na virilha. Em seguida, captamos a onda de pulso nessas duas regiões e calculamos a defasagem temporal entre um ponto e outro. A velocidade aumenta quanto mais rígida estiver a artéria. Trata-se de um preditor para complicações futuras e mortalidade”, afirma o pesquisador. Vale dizer que não se trata de medir o fluxo sanguíneo. O que o aparelho – que pode ser um tonômetro ou um sensor de pulso – mede é a distensão ou deformação do vaso que carrega o sangue. Ao envelhecer, ele se enrijece e, numa imagem bem simples, poderia ser comparado a um cano que encurta um percurso que deveria ser mais sinuoso.

Para estabelecer os valores de referência para a velocidade de onda de pulso, foi selecionado um grupo específico de participantes do ELSA: indivíduos que nunca tivessem fumado, que apresentassem pressão e peso normais, que não fossem diabéticos e não estivessem tomando remédios. Não foi fácil. “Entre os 15 mil participantes, 8 mil tomavam pelo menos um medicamento de uso contínuo. Queríamos uma amostra saudável para criar valores de referência brasileiros. Não há tratamento para a rigidez arterial, mas é possível iniciar ações de prevenção para retardar esse envelhecimento. O exercício é a primeira delas, porque age diretamente prevenindo hipertensão, o diabetes e o sobrepeso”, contou o médico.

O exame de velocidade de onda de pulso já é recomendado pela Sociedade Europeia de Hipertensão desde os anos de 1990, mas ainda não foi incorporado à nossa prática clínica. Um dos motivos é o preço: o equipamento utilizado no ELSA custou US$ 6 mil (quase R$ 25 mil), valor que foi diluído depois de ser utilizado em 10 mil pessoas. O outro depende de se conhecer o que seria uma velocidade de onda de pulso “normal”, o que deverá ocorrer com os valores que serão estabelecidos pelo ELSA. “O mesmo aconteceu com a pressão arterial. Durante muitos anos se sabia que ter pressão alta não era bom, mas somente depois de se chegar aos atuais valores de referência é que o uso desse exame se consolidou”, conclui o doutor Mill.

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SAÚDE

Fiocruz: internações por gripe e vírus sincicial aumentam no país

O boletim aponta ainda para queda dos casos de covid-19, com alguns estados em estabilidade.

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Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

O Boletim InfoGripe, divulgado nesta semana pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), chama atenção para alta das internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), causadas principalmente pelo vírus sincicial respiratório (VSR) e a influenza A, o vírus da gripe. O boletim aponta ainda para queda dos casos de covid-19, com alguns estados em estabilidade.

Nas últimas quatro semanas, do total de casos de síndromes respiratórias, 54,9% foram por vírus sincicial e 20,8% por influenza A. Entre as mortes, os dois vírus são os mais presentes. Conforme o boletim, as mortes associadas ao vírus da gripe estão se aproximando das mortes em função da Covid-19, “por conta da diferença do quadro de diminuição da Covid-19 e aumento de casos de influenza”.

Desde o início de 2024, foram registrados 2.322 óbitos por síndrome respiratória grave no país.

O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, alerta para a importância da vacinação contra a gripe, em andamento no país, como forma de evitar as formas graves da doença. “A vacina da gripe, como a vacina da covid, têm como foco diminuir o risco de agravamento de um resfriado, que pode resultar numa internação e até, eventualmente, uma morte. Ou seja, a vacina é simplesmente fundamental”, alerta, conforme publicação da Fiocruz.

De acordo com o levantamento, 20 estados e o Distrito Federal apresentam tendência de aumento de SRAG no longo prazo: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins.

Agência Brasil

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SAÚDE

Brasil integra rede da OMS para monitoramento de coronavírus

A CoViNet reúne 36 laboratórios de 21 países

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O Brasil passou a integrar um grupo internacional de monitoramento dos diferentes tipos de coronavírus. A rede de laboratórios, chamada de CoViNet, tem como objetivo identificar novas cepas que possam representar riscos para a saúde pública, além de buscar se antecipar a uma nova pandemia. 

A CoViNet reúne 36 laboratórios de 21 países e é um desdobramento da rede de laboratórios de referência estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no início da pandemia de covid-19. O Brasil é representado pelo Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

No final de 2023, a OMS decidiu ampliar e consolidar a rede formada durante a pandemia e lançou uma chamada para laboratórios de todo o mundo. O laboratório do IOC/Fiocruz foi um dos selecionados para compor a CoViNet. 

Segundo o IOC/Fiocruz, os dados gerados pelo CoViNet irão orientar o trabalho dos Grupos Técnicos Consultivos sobre Evolução Viral (TAG-VE) e de Composição de Vacinas (TAG-CO-VAC) da Organização, garantindo que as políticas e ferramentas de saúde global estejam embasadas nas informações científicas mais recentes e precisas.

Metro1

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SAÚDE

Casos de síndrome respiratória aguda grave sobem no país, diz Fiocruz

Quadro é decorrente do crescimento de diferentes vírus respiratórios.

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Foto: BBC

O boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado nesta quinta-feira (28) aponta que os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) aumentaram em crianças, jovens e adultos em todo o país. O quadro é decorrente do crescimento, em diversos estados, de diferentes vírus respiratórios como influenza (gripe), vírus sincicial respiratório (VSR) e rinovírus.

O boletim indica também uma tendência de queda de casos de SRAG na população a partir dos 50 anos de idade, devido à diminuição dos casos de Covid-19 nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, e também de redução dos casos na região Sul.

De acordo com o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes essa conjuntura mascara o crescimento dos casos de SRAG pelos demais vírus respiratórios nessas faixas etárias, especialmente aqueles associados ao vírus influenza A. “Esse cenário é fundamentalmente igual ao da semana passada. Manutenção de queda nas internações associadas à Covid-19 no Centro-sul, contrastando com o aumento de VSR e rinovírus em praticamente todo o país (incluindo o Centro-sul) e influenza A no Norte, Nordeste, Sudeste e Sul”, explicou.

Nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, quando se estuda o total de novas internações por SRAG, sem a análise por faixa etária, observa-se cenário de estabilidade. Gomes avalia que, na verdade, esse quadro decorre da queda na Covid-19, camuflando o aumento nas internações pelos demais vírus respiratórios.

“Se olhamos apenas para as crianças, onde principalmente o VSR e o rinovírus estão mais presentes nas internações, vemos claramente o sinal de aumento expressivo de SRAG”, explica o pesquisador. Ele também destaca a importância dos cuidados para a prevenção. “Em casos de infecções respiratórias, sintomas de gripe e resfriados, deve-se procurar encaminhamento médico, além de manter repouso e usar uma boa máscara sempre que precisar sair de casa. A vacinação também é fundamental. A vacina da gripe está disponível em diversos locais”.

Mortalidade

A incidência de SRAG por Covid-19 mantém o cenário de maior impacto nas crianças de até dois anos e idosos a partir de 65 anos de idade. O aumento da circulação do VSR tem gerado crescimento expressivo da incidência de SRAG nas crianças pequenas, superando aquela associada à Covid-19 nessa faixa etária. Outros vírus respiratórios com destaque para a incidência de SRAG nas crianças pequenas continuam sendo o Sars-CoV-2 (Covid-19) e rinovírus. Já o vírus influenza vem aumentando a incidência de SRAG em crianças, pré-adolescentes e idosos. Quanto à mortalidade por de SRAG tem se mantido significativamente mais elevada nos idosos, com amplo predomínio de Covid-19.

Ao todo, 23 capitais do país apresentam crescimento nos casos de SRAG: Aracaju (SE), Belém (PA), plano piloto e arredores de Brasília (DF), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Maceió (AL), Manaus (AM), Natal (RN), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA), Teresina (PI) e Vitória (ES).

Agência Brasil

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